26

February

2024

Salpingoplastia e Reanastomose tubária na era da reprodução assistida

O papel da Salpingoplastia e Reanastomose tubária na otimização dos resultados em reprodução assistida.

Introdução

A doença tubária acomete de 25 a 35% das mulheres com infertilidade, sendo a salpingite responsável por mais da metade dos casos. Também pode ser devida a endometriose e aderências, geralmente devido a cirurgias pélvicas anteriores. Além disso, cerca de 30% das mulheres que são submetidas a laqueadura tubária arrependem-se do procedimento, geralmente porque realizaram o procedimento quando ainda muito jovens ou porque iniciaram um novo relacionamento. O exame padrão ouro para avaliar a função e se as trompas são pérvias é a histerossalpingografia.

Nesse estudo vamos relatar os tipos de obstrução tubária e as possibilidades de tratamento, assim como a possibilidade de reanastomose das tubas uterinas após salpingesctomia em um momento em que as técnicas de reprodução assistida, em especial a fertilização in vitro – FIV – é cada vez mais acessível para os casais e discutir os fatores que devem ser considerados para fazer a escolha entre os procedimentos

Objetivo

Realizar uma revisão bibliográfica sobre salpingoplastia e reanastomose tubária e a aplicação dos métodos quando relacionados com as técnicas de reprodução assistida na literatura atual.

 Metodologia

Foi realizada uma busca de artigos na base de dados PubMed, com palavras chaves salpingoplastia ereanatomose tubária, selecionando os artigos dos últimos 6 anos, com resumos compatíveis com o tema selecionado, usando como base a revisão de 2021 da ASRM.

 Discussão

Quando pensamos em qual o melhor tratamento para obstrução tubária devemos a analisar qual o tipo de obstrução tubária, proximal, distal ou laqueadura tubária, idade da mulher, reserva ovariana, ausência de fator masculino e outros fatores de infertilidade associados, experiência do cirurgião, os custos associados e a preferência da paciente.

A cirurgia tubária oferece um custo similar quando comparada com a FIV, além de permitir a paciente várias tentativas de gestação com um único procedimento, entretanto oferece o risco cirúrgico e aumenta a chance de prenhez ectópica tanto nas tentativas de gestação natural quanto na FIV se a paciente optar pelo procedimento posteriormente. Enquanto isso, a FIV oferece maior custo com melhores taxas de sucesso, mas necessita de um procedimento para cada tentativa de gestação, com medicamentos injetáveis diários de alto custo e acompanhamento frequente. Além disso parece aumentar em pequena percentagem os riscos obstétricos como pré-eclâmpsia, restrição de crescimento fetal e placenta acreta.

No bloqueio tubário proximal verdadeiro – salpingite ístmiconodosa, DIPA e endometriose a melhor opção é a FIV. Entretanto, no bloqueiotubário distal – hidrossalpinge, fimose das fímbrias e aderências peritubárias,a neosalpingoplastia pode ser tentada desde que a mucosa tubária estejapreservada, a dilatação tubária seja menor que 3 cm e hajam poucas aderências.Em caso de bloqueio tubário mais severo a FIV deve ser preferida porque, nessaspacientes a cirurgia pode aumentar a taxa de prenhez ectópica e apresentaresultados pobres nas taxas de gestação espontânea. Quando a paciente vai sersubmetida a FIV e tem hidrossalpinge deve ser submetida a salpingectomia paramelhorar as taxas de implantação.

A reanatomose tubáriadeve ser oferecida a pacientes jovens, sem outros fatores associados e com boa reserva que não desejem ser submetidas ou que não possam custear a FIV, sendo mais bem sucedida quando a laqueadura foi realizada com clipes ou anéis que quando realizadas por ligadura, ressecção ou coagulação. Essas pacientes tem melhor prognóstico que aquelas portadoras de doença tubária. A técnica utilizada apresenta as mesmas taxas de sucesso por laparoscopia ou laparotomia dependendo apenas da experiência do cirurgião e quando o comprimento da trompa após a reanastomose é maior que 5 cm.

 Referências bibliográficas

1.   Berger, et al. Effectiveness of bilateral tubotubal anastomosis in alarge outpatient population. Human reproduction 2016; 31:1130 – 35;

2.   Godin, et al , Laparoscopic reversal of tubal sterilization; aretrospective study over 135 cases. Front surgery5:79. doi.10.3389/f.surg 2018;

3.   Kotshewar, etal, A study of  tube recanalization  in the era of ART.JClin Diagn Res. fevereiro de2016; 10(2): QC01–QC03. 2016. doi:  10.7860/JCDR/2016/17376.7243

4.    Matsubayachi, ET al. Falloscopictuboplasty: a easy, quick and safe techniqhe. Fertility and sterility 2021;116:0015 – 0282.

5.   Role of tubal surgery in the era of assisted reproductive techinology: acommiitte opinion. Fertil Steril 2021; 115: 1143 – 50.2021 by American Society for Reproductive Medicine;

6.   Roberts, A. Fallopian tube recanalization for the manegement ofinfertility. Roberts CVIR endovascular 2023, 6:13.HTTPS://doi.org/10.1186/s42155-023-00356-z;

Resumo para leigos

A tuba uterina (trompa)obstruída por cirurgia de laqueadura tubária é condição frequente nas mulheres que estão tentando ou desejam engravidar e não conseguem. A fertilização in vitro (FIV), quando colhemos o óvulo da mulher e o espermatozoide do companheiro para fazer o embrião em laboratório e devolver ao útero dessa mulher, é uma forma atual e com chances altas de sucesso para tratar esses problemas. Apesar disto, o custo ainda é elevado para a grande parte da população e isso nos leva a pensar se cirurgias para desobstruir essas tubas ou refazer a tuba após a cirurgia de laqueadura são boas alternativas para tentar engravidar naturalmente em seguida.

Quando falamos em cirurgia das trompas para tentar reconstruir o caminho após a laqueadura, as chances são melhores naquelas pacientes que têm obstrução tubária por doenças como endometriose, infecções ginecológicas graves e cirurgias na pelve que danificam a trompa. Se a paciente tem as 2 partes de trompa com bom tamanho e pouco tempo de laqueadura, a reversão da laqueadura pode ser tentada.

Nas pacientes que apresentam obstruções tubárias menos graves, com trompas pouco dilatadas e poucas aderências com outras partes da pelve, a cirurgia pode ser tentada, mas nas pacientes com doença tubária grave (trompas muito dilatadas, danificadas e aderidas a outros tecidos) o melhor caminho é a FIV.  

Em ambos casos, as pacientes devem ter idade menor que 35 anos, não ter outros problemas que impeçam a gravidez, o companheiro deve ter um espermograma normal e deve ser procurado um cirurgião experiente para realizar a cirurgia.

Publicado por
Karina Pessoa

Publicado por
Mychella alvim

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