12

August

2020

Há benefício no uso da metformina nas pacientes com síndrome dos ovários policísticos que serão submetidas a reprodução assistida?

Pesquisa sobre o benefício para uso da metformina na paciente com a síndrome dos ovários policísticos e sua recomendação para uso na reprodução assistida.

Introdução

A síndrome dos ovários policísticos possui um amplo espectro, apresentando-se de forma bastante heterogênea na população acometida. Estima-se que sua prevalência seja de 7 a 14 % na população de mulheres em idade reprodutiva. As bases fisiopatológicas envolvem uma importante resistência insulínica, caracterizada pela necessidade de níveis elevados de insulina para manutenção da glicemia. Isso promove um estado hiperinsulinêmico no paciente. É observado níveis elevados de LH, níveis baixos/limite inferior de FSH e aumento dos androgênios circulantes livres. O uso da metformina, um agente hipoglicemiante, atua facilitando a entrada da glicose na célula, resultando na redução dos níveis de insulina e, consequentemente, interferindo nas principais características citadas acima.

Objetivo

Pesquisa sobre o benefício para uso da metformina na paciente com a síndrome dos ovários policísticos e sua recomendação para uso na reprodução assistida.

Material e métodos

Pesquisa na base Medline, através do PubMed dos últimos 10 anos.

Conclusão

Segundo o último guideline da ESHRE e ASRM publicado em 2018 com as recomendações para pacientes com SOP, a dieta e a atividade física devem ser adotadas como a primeira medida a ser introduzida. Nas pacientes que serão submetidas a indução da ovulação, o letrozole é considerado primeira linha de tratamento, porém seu uso ainda é considerado off-label. O uso da metformina associada tanto ao citrato de clomifeno, letrozole ou a gonadotrofina mostrou-se benéfico quando avaliados a resposta ovulatória, taxa de gravidez e de nascido vivo, em comparação ao grupo placebo e uso dos indutores de forma isolada. A associação da metformina ao citrato de clomifeno também é benéfica para as pacientes sabidamente resistentes ao clomifeno previamente. O protocolo antagonista é atualmente o mais utilizado e indicado na maioria dos ciclos de FIV, pois contempla menor dose de gonadotrofinas, menor tempo de estímulo e menor risco de síndrome de hiperestímulo ovariano. Devido a heterogeneidade da população que apresenta a SOP, ainda são necessários estudos para formalizar o uso da metformina como protocolo nos tratamentos de reprodução assistida.

Publicado por
Ana Luísa B. Marinho

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