28

September

2017

Associação reprodutiva entre fator masculino e alteração genética embrionária.

Há muito se fala da importância do espermatozóide no desenvolvimento embrionário e por muito tempo o genoma paterno foi considerado silencioso e passivo na formação embrião, sendo necessário avaliar não apenas fatores morfológicos, mas também fatores genéticos e epigenéticos do espermatozóide no tratamento de casais inférteis.

Introdução

Há muito se fala da importância do espermatozóide no desenvolvimento embrionário e por muito tempo o genoma paterno foi considerado silencioso e passivo na formação embrião, sendo necessário avaliar não apenas fatores morfológicos, mas também fatores genéticos e epigenéticos do espermatozóide no tratamento de casais inférteis (1).Os gametas e a qualidade do embrião são um importante determinante do sucesso da reprodução assistida. Os homens inférteis têm uma prevalência de 8 a 10 vezes maior de anomalias genéticas, as quais incluem 10% de alterações de cariótipo, a microdeleção do cromossomo y fica responsável por 3% dos casos nos homens azospérmicos e muitas mutações ainda permanecem desconhecidas (3). A frequência de ocorrência de anormalidades cromossômicas em conceptos varia conforme o tipo de aneuploidia. Correlação entre parâmetros seminais e as taxas de aneuploidia embrionária vem sendo investigadas, a frequência de espermatozóides anormais parece ser influenciada mais pelos parâmetros seminais do que pela história de um concepto carregando uma aneuploidia cromossômica (2). A incidência de aneuploidia em espermatozóides é significativamente correlacionada com a má qualidade do sêmen (6,5). Estima-se que mais do que 2300 genes estão envolvidos na infertilidade masculina, dessa forma processos epigenéticos associados ao DNA do genoma paterno agregam também sua importância na fertilidade masculina e atualmente no desenvolvimento embrionário. As modificações epigenéticas são responsáveis pela ativação ou desativação dos genes parenterais, chamados de “imprinting genético” (1,2). Essas ativações são responsáveis pela formação das características do embrião e provenientes de estímulos enviados pelo ambiente em que a célula sobrevive, surgindo o imprinting genético do status final da desmetilação do DNA dos dois genomas parenterais (7). Estudos identificaram um pequeno impacto nas taxas de fertilização, porém uma diminuição na morfologia embrionária e redução das taxa de gravidez quando avaliados espermatozóides com alterações na posição de metilação do DNA no genoma. Genes que sofrem imprints são mais sujeitos a regulação epigenética dos que os que não sofrem, sendo mais propensos a erros epigenéticos, fatores ambientais podem alterar os imprints, não apenas num único embrião, mas perpetuando em gerações posteriores (7). Entretanto, mais pesquisas serão necessárias para avaliação risco das anormalidades cromossômicas em gametas masculinos e sua relação com alterações genéticas no embrião (4). Esses resultados destacam o fator masculino grave como uma possível categoria de referência para triagem cromossômica abrangente pré-implantação (4).

Objetivo

Avaliar a associação entre fator masculino grave e alteração genética embrionária.

Métodos

Trata-se de uma revisão de estudos na base Medline, por intermédio do PubMed.

Resultados

Estudos afirmam que as contribuições do material genético masculino são de vital importância para a embriogênese. Em uma revisão de onze estudos envolvendo 9766 homens azoo-oligospérmicos foram encontradas aberrações do cromossomo sexual em 4,2% dos homens e anomalias autossômicas em 1,5%, em comparação com 0,14% e 0,25%, respectivamente, no grupo controle com análise seminal normal (4,5). A taxa de anomalias cromossômicas numéricas e estruturais foi alta nos sujeitos azoospérmicos equivalente a 13,7%, sendo que nos homens oligospérmicos de 4,6%, prevalecendo às alterações de translocações e inversões autossômicas. Entretanto, nem todas as anomalias afetam a fertilidade. Observaram que 0,37% do sêmen com parâmetros normais apresenta translocações cromossômicas (5).O papel da reprogramação epigenética no espermatozoide é único, importante na fertilidade e desenvolvimento embrionário. Esses sinais epigenéticos, iniciando-se na fase de espermatogênese, são fundamentais na formação.

Referências bibliográficas

1- Boissonnas CC, Jouannet P et al. Distúrbios epigenéticos e subfertilidade masculino. Fertil Steril, 2013; 5:24-32.

2- Marques MC, Vaz B et al. Alterações transmissíveis do imprinting genômico em pacientes inférteis por oligospermia e azospermia. Arqu Med, 2007; 21: 41-45.

3- Simon L, Murphy K et al. Paternal influence of sperm DNA integrity on early embryonic development. Human Reproduction, 2014; 29:2402-2412.

4- Coats AB, Hesla SJ et al. Use of suboptimal sperm increases the risk of aneuploidy of the sex chromosomes in preimplatation blastocyst embryos. Fertil Steril, 2015; 104:866-871.

5- Levron J, Goldring AA et al. Sperm chromosomes abnormalities in men with severe male factor infertility who are undergoing in vitro fertilization with ICSI. Fertil Steril, 2001; 76:479-484.

6- Vegetti W, Ascche VE et al. Correlation between parameters and sperm aneuploidy rates investigated fluorescence in situ hybridization in infertile men. Human Reprod, 2000; 15: 351-365.

7- Xiangrong CU, Xian J et al. DNA methylation in spermatogenesis and male infertility (Review). Experimental and Therapeutic Med, 2016; 12: 1973-1979.

Publicado por
Andressa de Araujo Lacerda

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