Introdução
As biópsias endometriais geralmente são utilizadas em falha de implantação recorrente e aborto de repetição em busca de um diagnóstico endometrial, como por exemplo, as endometrites. A endometrite pode ser classificada como aguda, na qual se encontra microabscessos ou neutrófilos nas glândulas endometriais, ou crônica, que se distingue por um número variável de plasmócitos no estroma endometrial, sendo este último o principal foco da biópsia endometrial. Além da microscopia o diagnóstico também pode ser sugerido pela histeroscopia, porém não deve ser usada como critério diagnóstico sozinha, apenas em conjunto com a biópsia.
Métodos
Pesquisa de estudos na base Medline, por intermédio do PubMed.
Resultados
O impacto da endometrite nos resultados de FIV ainda é controverso na fertilidade. A biópsia positiva tem uma variância de 3-60%, ou seja, uma janela diagnóstica muito grande, sugerindo que ainda não existe o melhor método diagnóstico. Atualmente existem várias explicações para isto, como técnica e experiência do patologista e os métodos usados. Tradicionalmente as células plasmáticas são identificadas em hematoxilina eosina que requer experiência do profissional com pesquisa diligente. Um método mais recente seria a imunohistoquímica para CD 138, que melhorou o diagnóstico, mas ainda não tem qual o melhor valor de corte para o número de plasmócitos, para considerar a amostra positiva para endometrite crônica. Alguns estudos colocam que um ou mais plasmóscitos é anormal, gerando assim um superdiagnóstico da patologia, já outros defendem que células plasmáticas podem estar presentes em pequeno número no endométrio de sujeitos férteis. Também existem autores que defendem pesquisar características adicionais como edema do estroma superficial, infiltrado inflamatório estromal, densidade estromal aumentada, hemorragia estromal, fuso de estroma em metade superior da mucosa. A quantificação da densidade de células plasmáticas vai melhorar a acurácia do diagnóstico de endometrite. A etiologia na maioria das vezes é infecciosa, Ciccinelli et al, relataram culturas positivas em 75% das pacientes com endometrite crônica, sendo E coli, Enterococus faecalis, S agalactie as mais frequentes (77,5%), seguido por micoplasma, ureaplasma e clamídia. O mecanismo de ação da falha de implantação ocorre pela modificação da decidualização através da alteração nos receptores hormonais. Estudos demonstram que o tratamento da endometrite crônica pode realmente melhorar o resultado da FIV em mulheres com falha de implantação. A resolução da endometrite deve ser confirmada com nova biópsia antes de prosseguir com o tratamento de reprodução. As evidências ainda são insuficientes para recomendar biópsia endometrial de rotina.
Conclusão
Com a leitura dos diversos artigos, conclui-se que a biópsia endometrial não deve ser utilizada de rotina, mas tem um importante papel nas pacientes com falha de implantação recorrente e aborto de repetição. O diagnóstico e tratamento da endometrite crônica pode melhor a resposta da FIV, mas ainda não existe um método diagnóstico padronizado, necessitando de mais estudos para definir importância e prevalência da patologia.
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