Introdução
A Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) é uma doença endócrino-metabólica complexa, com envolvimento genético, que afeta mulheres principalmente na idade reprodutiva. Impacta negativamente na função reprodutiva da mulher e predispõe a complicações obstétricas. É ligada ao câncer de endométrio, ao Diabetes Mellitus tipo 2, e a desordens metabólicas e cardiovasculares. Estudos atuais sugerem que pré-púberes e mulheres na pós-menopausa também podem apresentar sintomas.
Objetivo
Citar os fenótipos e genótipos da SOP.
Método
Pesquisa de estudos na base Medline, por intermédio do PubMed, com levantamento dos trabalhos publicados nos últimos 5 anos.
Resultados
Em 1990, no Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, surgiu a primeira classificação formal da SOP, dada por hiperandrogenismo clínico ou laboratorial e a oligo/anovulação crônica, após excluídas outras causas. Em 2003, um encontro em Rotterdam, patrocinado pela Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia, e pela Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva, adicionou aos critérios anteriores, as características ultrassonográficas do ovário policístico, necessitando para diagnóstico, presença de 2 dos 3 critérios. Em 2006, a sociedade de SOP e Excesso Androgênico concluiu que a essência diagnóstica da SOP se dava predominantemente pelo hiperandrogenismo. Portanto, para o diagnóstico eram necessários 2 dos 2 critérios: hiperandrogenismo e disfunção ovariana, sempre excluindo outras causas. Enfim, em 2012, acompanhando o consenso 2003, foi recomendado o uso da classificação por fenótipos:- fenótipo A: hiperandrogenismo + disfunção ovariana + morfologia ovariana policística;- fenótipo B: hiperandrogenismo + disfunção ovariana;- fenótipo C: hiperandrogenismo + morfologia ovariana policística;- fenótipo D: disfunção ovariana + morfologia ovariana policística.Os fenótipos A e B, são considerados como SOP clássica. Eles compreendem 2/3 do total de casos. São mais associados às disfunções menstruais, resistência insulínica, hiperinsulinemia, síndrome metabólica, obesidade, formas severas de dislipidemias e esteatose hepática. O fenótipo C, considerado como SOP ovulatória, está associado a níveis intermediários das alterações vistas nos fenótipos clássicos e a classes sócio-econômicas altas. O fenótipo D, considerado como SOP não hiperandrogênica, está associado a níveis baixos de alterações endócrinas e síndrome metabólica, a baixa relação LH/FSH, baixos níveis de testosterona, altos níveis de SHBG, e a ciclos menstruais regulares e irregulares intercalados.Já com relação aos genótipos da SOP, sabemos que a etiologia multifatorial desta doença é sustentada por uma arquitetura genética complexa que só recentemente começou a ser elucidada. Estudos de associação genômica ampla (GWAS), oferecem uma abordagem poderosa para identificar a relação entre milhões de polimorfismos de nucleotídeo único (SNP) e de traços específicos ou doenças.Nos estudos aqui analisados, foram citados vários locis genéticos relacionados a SOP, os principais achados foram LHCGH, THADA e DENND1A. Em geral eles têm ação no controle hormonal. Como exemplo, citamos o locus THADA, que interfere na resistência insulínica e aumenta a chance de Diabetes tipo 2.
Conclusão
A identificação de genes de risco na SOP é muito importante para melhorar nosso entendimento das vias biológicas afetadas, para aumentar o diagnóstico e o efetivo tratamento clínico, e para desenvolver novas drogas. Nas análises da relação genótipo-fenótipo foi demonstrada uma contribuição diferente da alteração gênica em cada fenótipo. Em suma, são necessários mais estudos para entendimento dessa complexa doença.
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