Os miomas, tumores uterinos benignos, surgem predominantemente em mulheres durante o período fértil, tornando-se mais frequentes após os 35 anos. Os tratamentos convencionais para miomas incluem a retirada do útero ou somente do mioma. Contudo, devido ao desejo de muitas mulheres de preservar o útero ou engravidar, surgem pesquisas sobre tratamentos não cirúrgicos. Apesar dos avanços, persistem dúvidas sobre a eficácia desses tratamentos, especialmente em relação à chance de gravidez sem intervenção cirúrgica.
Introdução
Os miomas são tumores benignos uterinos prevalentes, atingindo de 50 a 60% das mulheres em idade reprodutiva, podendo chegar a 70% por volta dos 50 anos. A pesquisa recente concentra-se em tratamentos não cirúrgicos para reduzir miomectomias e histerectomias, preservando o útero, sobretudo em mulheres em idade fértil. Dentre os métodos minimamente invasivos estudados, destacam-se o acetato de ulipristal, ultrassom focado de alta intensidade, ablação por radiofrequência e embolização das artérias uterinas. Embora a associação entre infertilidade e miomas seja desafiadora, esses tumores estão presentes em até 27% das pacientes que buscam assistência reprodutiva, sendo responsáveis por 1-3% dos casos de infertilidade.
Objetivo
Analisar tratamentos alternativos e não cirúrgicos em mulheres inférteis com miomas.
Métodos
Pesquisa de estudos na base Medline via Pubmed.
Resultados
Estudos indicam que, apesar do surgimento de terapias alternativas, a miomectomia permanece como padrão-ouro para mulheres com desejo reprodutivo, dada sua estabelecida vantagem nos resultados de gravidez. Relacionou-se diretamente a redução volumétrica do mioma, melhora dos sintomas e qualidade de vida comparada à miomectomia. A embolização das artérias uterinas é contraindicada em mulheres com desejo reprodutivo, associando-se à diminuição da reserva ovariana, menor taxa de gestação, aumento de abortos espontâneos, placentação anormal, parto pré-termo e hemorragia pós-parto. O acetato de ulipristal, modulador seletivo do receptor de progesterona, demonstrou redução volumétrica significativa do mioma, amenorreia em 80% das mulheres e melhorias nos resultados de miomectomia. Entretanto, os estudos são limitados quanto à melhora da fertilidade, com sua comercialização atualmente suspensa para avaliações adicionais de segurança hepática. As terapias ablativas, como a ablação por ultrassom focado de alta intensidade e a ablação térmica guiada por radiofrequência, demandam mais estudos em relação à fertilidade. Uma revisão sistemática de 2020 indicou que a ablação de miomas teve resultados de gravidez comparáveis à miomectomia, com taxas de nascidos vivos semelhantes (70,5% versus 75,6%) e baixas taxas de aborto (11,9% versus 19,0%).
Conclusão
Apesar de resultados promissores, há escassez de estudos relacionando terapias não cirúrgicas e melhora da fertilidade em mulheres com miomas. A ablação por radiofrequência é a opção mais disponível no Brasil, sendo crucial individualizar o tratamento e informar a paciente sobre as limitações dos estudos existentes.
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